Rúben Santos, do curso de Ciências do Desporto na UBI ao troféu de treinador do ano na gala da FADU

A Gala do Desporto Universitário da FADU regressou dois anos após a última edição e com ela a consagração dos melhores do ano. Entre eles estava o que viria a ser anunciado como melhor treinador da época 2021/2022, um dos mais novos de sempre a receber o galardão: Rúben Santos, treinador da equipa masculina de futsal da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI).

 

 

Dizem da cidade da Guarda que é a cidade dos cinco efes: forte, farta, fria, fiel e formosa. Para Rúben Santos, que é natural da cidade mais alta de Portugal, haveria espaço para mais um ou até dois: futsal e futebol. Começou a dar os primeiros toques na bola com sete anos, sob vigilância dos pais, devido aos problemas de saúde que tinha. ‘Na altura tiveram algumas preocupações porque eu tinha problemas respiratórios, mas acabei por entrar e desde que ando no desporto nunca mais tive problemas respiratórios’, recordou. Do gosto de criança e do desporto escolar ao futebol federado foram alguns passos, sempre com o aval do pai, que também tinha jogado futebol e que chegou a integrar o plantel do Sporting Clube da Covilhã. A dada altura surge o ingresso no ensino superior e a Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, acabou por ser a escolha. Já enquanto estudante de Ciências do Desporto conciliava os estudos com o futebol, estando na altura a jogar numa equipa de Belmonte. ‘No ano seguinte, em que já era sénior, o Arménio [Coelho] fez-me o convite para ingressar na equipa de sub-20 do GD Mata/AAUBI, como jogador’.

 

Do futebol para o futsal e de jogador a treinador, foi um ápice, planos diferentes dos inicialmente traçados. ‘Quando comecei o meu curso na UBI o meu objetivo era ser treinador de futebol e não de futsal, mas a partir do momento em que surge o convite foi sempre o futsal’, confessou, ele que no ano seguinte ao da sua estreia no Grupo Desportivo da Mata (GD Mata/AAUBI) foi convidado a integrar os quadros técnicos da equipa, como voluntário. ‘Passei então a estar com os universitários [incluindo também equipas femininas], os juniores, petizes e traquinas… e foi aí que começou o meu percurso como treinador de futsal’. Um percurso feito com muitos degraus – apesar da tenra idade – que ajudam a explicar o sucesso. Enquanto parte integrante das equipas técnicas da AAUBI, projeto que integrou no ano de 2016, o egitaniense conta no currículo com dois títulos de vice-campeão e outros tantos de campeão nacional universitário e uma medalha de bronze, conquistada nos Jogos Europeus Universitários da Associação Europeia do Desporto Universitário (EUSA) que decorreram em julho passado, na cidade polaca de Lodz.

 

Sendo a AABU bicampeã nacional, o percurso rumo aos títulos começou muito antes da época 20/21. ‘A partir de 2016 houve uma mudança de mentalidade. Nesse ano metade da equipa era formada por caloiros, o resto eram de terceiro e quarto ano e nunca tinham passado dos quartos de final. Nesse ano, em Lisboa, a fase de apuramento foi muito má, fizemos um ponto em 12 possíveis, chegámos à última jornada e tínhamos de ganhar ao Minho, que vinha de 30 vitórias consecutivas. Conseguimos estar a vencer 2-0, depois empatamos 2-2 e ficamos dependentes do último resultado, que seria no dia seguinte. Estávamos no impasse de ver se passávamos nós ou a AAUTAD (Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) para o play-off. Conseguimos apurar-nos e a partir daí encaramos todos os jogos como finais, porque estar na fase final já tinha sido um objetivo alcançado com um percurso difícil’ contou. Esse ponto de viragem levou a que muitos jovens da Covilhã e do interior reforçassem a equipa, onde se cimentou um espírito muito forte. ‘Dos 13 que foram ao europeu este ano, apenas três não são da região da Beira Interior. Talvez isso também tenha unido o grupo e ajudado no trabalho porque treinamos mais e, consequentemente, melhoramos os resultados’.

 

Um espírito forte a que as relações de amizade não são alheias. ‘Somos todos muito amigos e isso acaba por fazer a diferença, há mais tolerância com o erro, acaba por ser mais normalizado’, sublinhou o treinador, que não fica sem resposta nas declarações de amizade. ‘O Rúben é daqueles indivíduos genuínos, uma pessoa confiável e séria’, começou por descrever Tiago Rosa, fisioterapeuta com quem trabalhou nas equipas da AAUBI e do GD Mata/AAUBI. ‘Enquanto profissional é dedicado, adora futsal e sempre demonstrou uma postura muito profissional’, completou. Apesar da diferença de idades para muitos dos atletas que treina ser reduzida, o respeito entre todos é algo natural, na perspetiva de Luís Costa, dirigente da AAUBI que tem acompanhado a equipa nas últimas épocas e que já viu o treinador no papel de analista, adjunto e treinador. ‘O Rúben é uma pessoa muito direta e objetiva, não tem papas na língua e se tiver de os chamar à atenção não está com rodeios. Por outro lado, é uma pessoa calma, tranquila, gosta de brincar e dizer umas piadas. O facto de ter essa capacidade, de ser muito dedicado ao projeto e a consistência que demonstra ao longo dos anos faz com que as pessoas o respeitem’.

 

Rúben foi ganhando calo e, diferente do que pensava inicialmente, entende hoje que ‘os treinadores devem ter uma liderança mais partilhada’, e explica. ‘Os jogadores sentem melhor o que está a acontecer no jogo e se damos um feedback completamente contra aquilo que eles estão a dizer não se vão sentir confortáveis. No início isso acontecia e depois passei a ir mais ao encontro daquilo que eles me diziam’.

 

A equipa masculina de futsal da AAUBI foi a única – a par da de futsal feminino da Associação Académica de Coimbra (AAC), que em 2010 levantou o troféu dourado na cidade croata de Zagreb - a sagrar-se campeã europeia universitária, em Corum (Turquia), no ano de 2017. Desde a época de 1987/88 soma oito títulos de campeã nacional universitária, seis medalhas de prata e três de bronze, com um saldo de 17 medalhas. Rivaliza com a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho), que tem o mesmo número de títulos e um total de 19 medalhas.

 

 

Do ouro no nacional ao bronze no europeu

 

Esta época, em Leiria, os ubianos renovaram o título de campeões que tinham conquistado em casa em 2021, numa final alucinante frente à equipa minhota, que terminou com um 4-3 no marcador. ‘Nos últimos anos todas as equipas que participam no universitário tentam praticar um bom futsal, sendo umas mais limitadas do que outras’, referiu o treinador, deixando escapar - através do semblante - o gosto que a equipa sentiu por ter igualado o número de títulos conquistados pela AAUMinho. Essa conquista abriu-lhes a porta para o europeu em Lodz (Polónia). ‘Este foi o terceiro europeu a que fui - ao da Turquia não pude ir porque a AAUBI estava limitada a nível financeiro e só puderam ir 13/14 pessoas - e a experiência também conta. Tivemos azar no sorteio, calhamos no grupo de cinco equipas, depois apanhámos a melhor equipa de cada pote e o nosso dia de descanso foi logo o primeiro, o que significa que fomos a única equipa que fez os sete dias de competição seguidos’, começou por contar. ‘Tínhamos uma equipa muito jovem e alguns foi o primeiro ano completo que fizeram, porque no ano passado [devido ao facto de as Fases Finais serem na Covilhã] não passamos pela fase de apuramento. Isso acabou por pesar sobretudo na meia-final com a Ucrânia que era muito forte e a favorita a vencer. Foi um jogo muito intenso, com muita qualidade e depois pagamos a fatura no jogo com a França’.

 

Na incursão europeia, o suporte dado pela AAUBI fez a diferença, fosse na disponibilização dos lanches, no cuidado com a distribuição dos quartos, ou na criação de um espaço de crioterapia improvisado, que obrigou a viagens de trotinete de 26 km para arranjar gelo. ‘As medalhas que também lhes são atribuídas são mais que justas, deram tudo’. No fim de contas, uma medalha de bronze rumou a Portugal.

 

 

 

De viagem e com um olho nas seleções universitárias

 

Na viagem de regresso do europeu, espreitou-se o jogo da final da Seleção Nacional Universitária feminina de futsal, que disputava uma final de loucos com a congénere brasileira. ‘Começamos a ver o jogo na escala que tivemos de fazer em Madrid. Estava 5-1, e dissemos que marcando a abrir a segunda parte ainda dava. Estava 5-4, ficamos sem rede, e de repente já estava 5-5 e aí dissemos que vinha para nós’. E veio. ‘Já contava que pudéssemos ganhar, quer o feminino, quer o masculino, porque a nível de equipas técnicas temos os melhores do mundo – e os resultados mostram isso – e os atletas que foram já têm muita experiência, são quase todos de primeira divisão e os que não são, são de segunda, que também está muito competitiva. Têm muita qualidade, já passaram por seleções jovens e isso dá-lhes uma bagagem muito grande’.

 

Rúben integrou a comitiva que representou Portugal no Campeonato Mundial Universitário de Futsal, em Almaty (2018), enquanto observador. ‘[Nesse mundial universitário] mostrou-se uma pessoa sempre muito disponível, e no Cazaquistão não era fácil andar de um lado para o outro. Ajudou imenso com as funções dele e pareceu-me ter muita vontade de aprender’, referiu Emídio Rodrigues, que faz parte das equipas técnicas das Seleções Nacionais e Nacionais Universitárias de futsal, de quem Rúben é admirador.

 

O jovem treinador entende que houve uma evolução notória. ‘Nesse ano tínhamos muita qualidade, mas não tínhamos ninguém a jogar na Seleção A e eramos a única equipa. Houve um upgrade, as miúdas tinham uma equipa fantástica. No masculino, o Emídio como treinador é incrível e os resultados estão aí. Tiveram azar nos penalties, acontece. Se chegassem à final com o Brasil acho que podia cair para qualquer lado porque nós os portugueses, nas dificuldades, somos muito resilientes e quando não acreditam em nós é quando ganhamos mais força’.

 

 

O troféu de melhor do ano e o futuro

 

Numa lista de seis nomeados para treinador do ano na gala da FADU, Rúben Santos acabou por ver o seu nome enunciado na XIII Gala do Desporto Universitário. Com a conquista deste galardão, há, segundo Luís Costa, o ‘sentimento de que toda a equipa está nele representada’. No discurso após ter vencido o troféu o jovem treinador agradeceu a toda a equipa e mais tarde não passou ao lado da importância que tiveram para ele pessoas como Arménio Coelho ou Dário Gaspar e enalteceu aqueles que conseguem conjugar várias vertentes das suas vidas. ‘[Os estudantes-atletas] conciliam o desporto de alto rendimento com o desporto universitário e ainda com os estudos. Muitas vezes têm cursos bastante exigentes e em vez de acabarem em cinco anos, acabam em sete ou oito. Abdicam de alguns dos momentos com família e amigos para estar com a sua equipa ou seleção universitária, por vezes há miúdos que abdicam das férias, o que demonstra bem a importância que cada vez mais se dá ao desporto universitário, o compromisso que há e os resultados que se têm’, frisou.

 

Quanto ao futuro, entende ter os pés assentes na terra, com a ideia de que ‘hoje somos os melhores do mundo, amanhã já somos os piores’, sem deixar de sonhar com voos mais altos. ‘Sempre tive a ambição de chegar à Liga Placard, pelo menos fazer parte de uma equipa técnica, e o meu maior sonho é um dia fazer parte da equipa técnica da Seleção Nacional, poder representar o nosso País’.

 

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