Rita, a gambito de dama dos sete ofícios

Ballet, andebol, futsal, badminton, atletismo, futebol, xadrez e… uma licenciatura de Ciências do Desporto em curso. Rita Santos, atual campeã nacional universitária de xadrez, tem energia que nunca mais acaba e uma persistência que não assiste a todos. Durante o percurso já teve altos e baixos, mas cedo percebeu que, tal como num tabuleiro de xadrez, quando uma jogada não funciona há que tentar outras.

 

 

Através de uma videochamada via zoom apareceu no ecrã a Rita, de sorriso pronto para uma conversa em que se fez zoom ao seu percurso. Fruto dos novos tempos, perde-se o calor da presença física, mas ganha-se uma conversa a partir do conforto do lar. No caso da Rita, a partir de Oliveirinha, uma freguesia do concelho de Aveiro que, segundo os censos de 2011, tem uma população que não chega aos cinco mil habitantes. ‘Se houver alguma coisa é por causa da net na terrinha!’ avisou de imediato, sem deixar passar a oportunidade de saber mais: ‘vai haver as competições de atletismo?’. A internet não fez essa desfeita, quanto ao futuro das competições, só o tempo o dirá.

 

Em pequena, e durante 13 anos, fez ballet e aí nasceu o gosto pelo exercitar do corpo. No segundo ano, incentivada por um professor, começou a jogar xadrez. Nestas duas vertentes foi acompanhada pelo irmão, Ricardo Santos, dois anos mais velho, e também ele campeão nacional universitário de xadrez. Depois disso seguiram-se anos de experiências várias. ‘Lembro-me de estar no 7/8º ano e de fazer tudo o que era desporto. A minha escola era muito dinâmica porque além do desporto escolar, tinha torneios internos, e eu participava sempre no corta-mato. Isso fazia com que os professores puxassem muito por mim’. Badminton, futsal, andebol, atletismo e futebol foram as modalidades a constar também no currículo da Rita, quer no contexto escolar, quer fora dele. E quando não havia equipa feminina, juntava-se aos rapazes, desdramatizando os entraves colocados pelos estereótipos. ‘Em Portugal, no futebol por exemplo, ainda não há muitas vezes a capacidade de dar seguimento. Aos 10/12 anos, quando há a separação dos rapazes, deixa de haver essa prática porque não há número suficiente de miúdas. Nas grandes equipas vemos evolução mas também porque vão buscar atletas lá fora que tiveram essa formação. É uma questão cultural’.

 

Atualmente pratica xadrez pela equipa do Galitos – esta época participou online no mundial universitário de xadrez e sagrou-se campeã nacional com as cores da AEFADEUP – representa o Grecas Vagos no atletismo – pela Universidade do Porto (UPorto) soma uma medalha de ouro e outra de prata em estafeta - e é treinadora adjunta na escola Hêrnani Gonçalves, onde começou como jogadora, antes de contrair uma segunda rotura de ligamentos. As lesões foram uma constante, algumas fruto do desgaste, casos em que o corpo não acompanhou o ritmo da mente.

 

Pedro Guimarães é treinador e conheceu-a quando ela se juntou à equipa de atletismo da UPorto. ‘A Rita tem duas grandes características: uma grande persistência e muita paixão pela modalidade. Quando chegou tinha uma lesão, nestes quatro anos já teve outra, e teve a crença e a coragem de persistir’. Sem dias aborrecidos, a estudante-atleta tem também de fazer alguma ginástica na sua agenda. ‘Tivemos treino hoje e ela perguntou se vai haver competições da FADU, está sempre interessada. Às vezes pode parecer um pouco chata mas ela quer é organizar-se’, contou o treinador. Para Sofia Rios, que faz o acompanhamento às equipas da UPorto, Rita é sinónimo de sim garantido. ‘Não é a típica geek do xadrez e, na minha opinião, vibra mais com o atletismo. É muito divertida, proativa e multifacetada. É aquela atleta a quem dou o toque para perguntar se quer vir e que me diz logo que sim’.

 

Chegou a ir estudar para Coimbra, mas na segunda fase acabou por mudar-se para o Porto e seguiu o objetivo inicial: tirar o curso de Ciências do Desporto na cidade invicta. Durante a licenciatura e por causa das lesões, teve de adiar os estudos práticos, prolongando a licenciatura por mais um ano. Ambiciona vir a fazer do ensino profissão, quer como professora, quer como treinadora no alto rendimento. ‘Depende muito das oportunidades que surgirem. Estou a acabar o estágio na escola de futebol mas ao mesmo tempo estou atenta a eventos que vão acontecendo e vou fazendo voluntariado na faculdade porque estou a ganhar conhecimento e a fazer contactos’.

 

Apesar da forte ligação ao campo, também adora a cidade e de preferência no litoral: ‘não me importava nada de morar em Aveiro’. Gosta de viajar e Paris é um destino que lhe desperta interesse. Sabe tocar piano e na televisão o que a cativa à séria é… a transmissão dos Jogos Olímpicos. Nos intervalos dessas transmissões gosta de ver documentários e filmes sobre atletas de alto rendimento e histórias de superação no desporto. Na hora de pensar em alguém que a inspire, a resposta é rápida: Juliana Rei, colega na U.Porto e atleta medalhada no lançamento do peso e do disco. ‘É a melhor pessoa que eu já conheci no mundo e não há ninguém que não goste dela’.

 

Um pezinho na arbitragem

Além de jogar xadrez, também já esteve no papel de árbitra, a convite do presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Xadrez, Vitorino Ferreira. Um papel que desempenhou com distinção. ‘Dei-lhe formação de arbitragem a há tempos chamei-a, tive a sorte de ela aceitar e arbitrou a nível nacional. Fiquei encantado, adorei o trabalho dela. A prova tinha vários escalões etários e nos mais novos ela baixava-se para os ouvir, não era distante, adaptava-se às circunstâncias. Foi perfeita’, contou Vitorino Ferreira. É uma porta que está aberta. ‘Sei que ela nesta fase prefere jogar, mas já lhe disse para arbitrar sempre que quiser, vai ter grande futuro nesse campo’, concluiu, sublinhando a simpatia e disciplina da aveirense.

 

A serie da Netflix da qual ficou fã

Gambito de Dama – nome de uma jogada de abertura no xadrez e também da série da Netflix cuja personagem principal é jogadora da modalidade - fez despontar um maior interesse pelo xadrez em 2020. ‘Tenho amigas que me pediram para lhes ensinar a jogar porque ficaram motivadas com a série. Houve até pessoal do atletismo que me disse que queria jogar contra mim porque sabiam que eu jogava’, disse. ‘Fico contente por saber jogar e pelo impacto que senti quando vi esse interesse crescer’, acrescentou, assumindo-se uma fã da série que vê como uma boa representação da modalidade, com a ressalva de que ‘na série a personagem só perdeu um jogo e isso na realidade não acontece’.

 

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